Gigantes
e redes regionais apostam no formato de proximidade para avançar sobre os
mercadinhos independentes. Mas não é a primeira investida sobre esses
concorrentes. Será que desta vez vai dar certo?
Não é de hoje que as grandes redes do varejo alimentar criam
modelos de lojas para competir pelas pequenas compras realizadas em mercadinhos
independentes, de até quatro checkouts, localizados dentro dos bairros. Apesar
das tentativas, não se chegou a um formato que desse conta desses competidores.
A aposta mais recente são as lojas de proximidade, que têm sido alvo dos
gigantes do setor e também das cadeias regionais. Carrefour, GPA, Hirota e
Super Nosso são algumas varejistas que estão investindo nesse novo formato.
Para se ter uma ideia, o número de lojas de proximidade, operadas por redes
estruturadas, subiu 55,5% entre janeiro de 2014 e agosto de 2017, alcançando
2.698 unidades, conforme a Nielsen. A dúvida é: esse novo modelo, cujo
principal apelo é a conveniência, vai finalmente permitir aos maiores varejistas
avançar sobre os pequenos supermercados independentes?
Hirota food express Rede paulistana atrai clientes com área de
alimentos prontos para consumo, que inclui pratos orientais, entre outros
“A loja de proximidade é uma opção interessante para os grandes
conquistarem esse mercado”, acredita Rodrigo Catani, diretor de eficiência
operacional da AGR Consultores. Para ele, os modelos anteriores eram
basicamente versões menores dos grandes supermercados. Já o formato atual,
afirma o consultor, em função do aprendizado das empresas, está mais adequado
às necessidades dos consumidores. Para José Barral, conselheiro de empresas,
que já foi executivo de redes importantes do varejo alimentar, hoje a vida nas
grandes cidades está ainda mais agitada do que no passado. Por isso, as pessoas
preferem realizar compras rápidas no caminho de casa ou perto do trabalho – e
não apenas no bairro onde moram –, o que também favorece o avanço das lojas de
proximidade de redes organizadas. Apesar do crescimento, Barral acredita que é
cedo para concluir se essa nova investida das grandes cadeias será
bem-sucedida. “Essas lojas estão num momento de expansão. É preciso acompanhar
a evolução delas para ver qual será o resultado”, avalia.
Carrefour express Especialistas apontam que as lojas da bandeira
têm um bom mix de conveniência, que atende compras rápidas
Pontos fortes e melhorias
José Barral ressalta que o formato apresenta pontos a favor, mas também de melhoria. No caso das lojas independentes, as vantagens já são bem conhecidas, como a menor complexidade de operação e a presença do dono à frente do negócio. Já a favor das unidades operadas pelas grandes redes pesam o reconhecimento da marca e a experiência na gestão dos fornecedores e da cadeia de abastecimento, como indica estudo da consultoria BCG. O levantamento também identificou os principais desafios das unidades de proximidade, como a melhor definição das categorias mais críticas para o formato. Um exemplo, apontado no estudo, é o do segmento de lanches e refeições prontas para consumo, que é menos explorado por supermercados tradicionais e hipermercados. A inclusão desses itens se justifica porque muitas filiais de proximidade também estão localizadas em áreas de grande fluxo de consumidores, onde há procura por alimentação rápida. É o que acontece, por exemplo, com lojas da bandeira Hirota Food Express, que ficam em avenidas movimentadas e shopping centers da capital paulista. “A rede conta com uma central de produção de refeições que abastece tanto as unidades pequenas quanto os supermercados maiores”, explica Heitor Carrera, sócio do BCG. Outro motivo para introduzir esses alimentos no formato de proximidade é que, devido ao maior valor agregado, ajudam a aumentar a rentabilidade/m2.
José Barral ressalta que o formato apresenta pontos a favor, mas também de melhoria. No caso das lojas independentes, as vantagens já são bem conhecidas, como a menor complexidade de operação e a presença do dono à frente do negócio. Já a favor das unidades operadas pelas grandes redes pesam o reconhecimento da marca e a experiência na gestão dos fornecedores e da cadeia de abastecimento, como indica estudo da consultoria BCG. O levantamento também identificou os principais desafios das unidades de proximidade, como a melhor definição das categorias mais críticas para o formato. Um exemplo, apontado no estudo, é o do segmento de lanches e refeições prontas para consumo, que é menos explorado por supermercados tradicionais e hipermercados. A inclusão desses itens se justifica porque muitas filiais de proximidade também estão localizadas em áreas de grande fluxo de consumidores, onde há procura por alimentação rápida. É o que acontece, por exemplo, com lojas da bandeira Hirota Food Express, que ficam em avenidas movimentadas e shopping centers da capital paulista. “A rede conta com uma central de produção de refeições que abastece tanto as unidades pequenas quanto os supermercados maiores”, explica Heitor Carrera, sócio do BCG. Outro motivo para introduzir esses alimentos no formato de proximidade é que, devido ao maior valor agregado, ajudam a aumentar a rentabilidade/m2.
Há ainda outros desafios grandes para as lojas de proximidade,
como escala e logística. É preciso ter um grande número de lojas para reduzir
custos de abastecimento e tornar o negócio viável. Como exemplo, o executivo
cita a Oxxo, que opera lojas do formato no México. “Lá, se você pergunta onde
fica a Oxxo mais perto, qualquer um sabe responder”, afirma. A varejista tem
mais de 15 mil lojas e inaugura uma filial a cada oito horas, em média. “No
Brasil, mesmo o Carrefour Express, que tem sido alvo de investimentos
constantes, tem pouco mais de 100 unidades em São Paulo”, compara.
Apesar da baixa penetração, José Barral, conselheiro de
empresas, acredita que a bandeira do Carrefour tem um bom mix de conveniência e
que sua proposta é mais interessante do que a do Minuto Pão de Açúcar, do GPA.
Já no caso das lojas independentes, a falta de competitividade
de preços continua sendo uma das maiores dificuldades. Segundo Carrera, essa
situação tem se acentuado nos últimos anos em função do maior cerco do Fisco.
“Boa parte das vendas dessas lojas atualmente é feita com cartões, o que
permite à Receita cruzar dados”, explica. Por conta de todos esses desafios,
enfrentados pelas grandes redes e pelas independentes, o executivo avalia que
existe uma lacuna ainda não preenchida no segmento. “Ninguém hoje atende
plenamente a expectativa de compra de conveniência do consumidor”, ressalta.
Isso abre espaço, inclusive, para a entrada de operadores internacionais, com
capacidade de investimento para expandir rapidamente. Ou seja, o formato ainda
tem um longo caminho de amadurecimento pela frente.
Pesquisa da consultoria BCG identificou que os consumidores
aceitam preços maiores nas unidades de proximidade e sortimento enxuto. Mas
querem entrar e sair rápido da loja
Proximidade avança
As lojas do formato, operadas por redes supermercadistas, cresceram significativamente entre janeiro de 2014 e agosto de 2017
As lojas do formato, operadas por redes supermercadistas, cresceram significativamente entre janeiro de 2014 e agosto de 2017
55,5% alta no número de lojas de proximidade no
período operadas por redes estruturadas
2.698 unidades é o total de filiais do formato que
essas cadeias operam
60 mil lojas independentes de até quatro checkouts
atuam em todo o País
Cuidados para quem opera lojas de proximidade
Segundo a AGR Consultores, esses são os pontos mais críticos para o formato
Segundo a AGR Consultores, esses são os pontos mais críticos para o formato
Logística
O formato não possui áreas grandes de retaguarda e de estoque, o que muda o modelo de abastecimento, como frequência de entrega e fracionamento de mercadorias no CD
O formato não possui áreas grandes de retaguarda e de estoque, o que muda o modelo de abastecimento, como frequência de entrega e fracionamento de mercadorias no CD
Sortimento
Apesar de ter havido melhora, ainda há ajustes a serem feitos. Uma área que deve ser mais bem explorada nessas lojas é a “grab-and-go”, que oferece alimentos prontos para serem consumidos no caminho de casa ou no trabalho
Apesar de ter havido melhora, ainda há ajustes a serem feitos. Uma área que deve ser mais bem explorada nessas lojas é a “grab-and-go”, que oferece alimentos prontos para serem consumidos no caminho de casa ou no trabalho
Preço
É importante ficar atento para não exagerar nos preços dos itens mais usuais. A ideia é não assustar o consumidor e desestimular sua volta
É importante ficar atento para não exagerar nos preços dos itens mais usuais. A ideia é não assustar o consumidor e desestimular sua volta
Pessoas
O ideal é que a equipe seja multifuncional, pois há questões relacionadas a escalas, folgas e horários de pico. Nessas lojas, o que mais conta para o consumidor é a conveniência e rapidez da compra
O ideal é que a equipe seja multifuncional, pois há questões relacionadas a escalas, folgas e horários de pico. Nessas lojas, o que mais conta para o consumidor é a conveniência e rapidez da compra
Tecnologia
Esse ponto é importante para ajudar na tomada de decisão, seja na compra de produtos para abastecer a loja ou nas entregas do CD ou do fornecedor
Esse ponto é importante para ajudar na tomada de decisão, seja na compra de produtos para abastecer a loja ou nas entregas do CD ou do fornecedor